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25 de maio de 2020

Plantaže Crnogorski Vranac 2015

Parafraseando Jancis Robinson (em The World Atlas Of Wine), se países como Montenegro não nos apresentam há tempos vinhos de classe mundial, é por motivos políticos, e não geográficos: afinal, o país foi anexado pela Iugoslávia ainda após a I Guerra Mundial; ficou sob a influência da "cortina de ferro" durante a maior parte do Século XX; e após o esfacelamento do comunismo e da Iugoslávia, permaneceu unida à Sérvia, para só se tornar independente em 2006.


Montenegro está de frente para a Puglia (Itália), no lado oposto do Mar Adriático. O relevo é dominado por montanhas, e o cultivo de vinhas se limita a uma estreita faixa litorânea, além da planície ao norte do lago Skadar, maior do país, e localizado muito próximo ao litoral. O clima é mediterrâneo, o que significa verões secos e invernos amenos. No entanto, o período de chuvas se estende de setembro a abril, caracterizado por tempestades intensas, que acumulam de 1200mm a 1600mm por ano, dependendo da localização.

A principal variedade de uva se chama Vranac, que ocupa 70% dos vinhedos do país (de acordo com o World Atlas of Wine), e também é cultivada nos países vizinhos. Ela tem boa reputação, sendo descrita como capaz de produzir vinhos de cor intensa, muito corpo, tânicos, com afinidade com madeira e capacidade de guarda. Ela tem parentesco próximo com a Primitivo (variedade mais famosa da Puglia, mas que é originária da vizinha Croácia), sem ser possível saber qual descende de qual, e se confunde com ela de forma que muitos vinhedos do país estão interplantados com as duas variedades.


No entanto, ao provar o Plantaže Crnogorski Vranac 2015, não pude perceber essa semelhança. Plantaže é o nome da vinícola. Fundada em 1963, na ex-iugoslávia, hoje é a maior empresa do ramo, e uma das maiores do país. Crnogorski, por sua vez, significa Montenegrino, no idioma local, e Vranac, a variedade. Apesar de ser um vinho sem passagem por madeira, ele estagiou em inox por 2 anos, antes de ser engarrafado.

O vinho tinha cor rubi violácea, aromas de frutas predominantemente frescas, um pouco de pimenta, e um leve vegetal (azeitonas), taninos macios, corpo médio/baixo, e uma refrescante acidez. Apesar do perfil frutado, e de ser um vinho de entrada da vinícola, não se trata de um vinho básico. Tanto que já tem 5 anos, e ainda mostra muita jovialidade. Foi para mim uma introdução muito positiva aos vinhos de Montenegro.

Referências

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