Viognier é uma variedade complicada. Tem uma intensidade e complexidade aromática excelentes, mas frequentemente peca pela acidez.
Original do norte do Rhône, mais especificamente das encostas de Condrieu, esteve próxima da extinção na década de 1960, com míseros 14ha plantados, todos no norte do Rhône. Antes que fosse tarde, seu potencial foi redescoberto, e hoje ela é virtualmente plantada em todo o mundo. Na França, se espalhou pelo restante do vale do Rhône e pelo Languedoc, mas é em Condrieu que alcança a excelência. Também cresceu muito em popularidade na Austrália, e na Califórnia, muitas vezes usada em corte, inclusive nos tintos, ao lado da Syrah, ao estilo da Côte-Rôtie.
O Chile não é um dos países que dão destaque para a Viognier. Há poucos hectares plantados (263ha, de acordo com o Wine Grapes). Mas algo eles estão fazendo de certo, pois o Secreto de Viu Manent Viognier 2017 é o terceiro Viognier que provo de lá, e todos os 3 cumpriram o objetivo de entregar a complexidade aromática com a acidez, tão difícil de se manter.
O primeiro, Dalbosco, produzido no norte, mantém o frescor graças à altitude. O segundo, Indómita, graças à latitude, já que provém do sul do país. Já o Secreto de Viu Manent Viognier 2017 é arrefecido pelos ventos que descem os Andes. Apesar de seu vinhedo estar oficialmente localizado entre cordilheiras, o vento dos Andes chega a provocar uma diferença de temperatura de 20ºC entre o dia e a noite, no verão (segundo consta no site do produtor).
Segundo a ficha técnica, as uvas foram colhidas a mão, diretamente prensadas, e fermentadas com leveduras nativas do vinhedo. Em seguida, estagiou por 10 meses sob borras finas, em inox, com bâttonage periódico.
O vinho precisou de um pouco de tempo para se abrir e mostrar sua complexidade aromática, com notas de frutas de caroço maduras, flores e mel (flor de amendoeira), além de um toque de cera. Na boca, era volumoso, encorpado, com boa acidez para equilibrar, e persistência acima da média. Ele foi importado diretamente pelo restaurante Olivetto, que durante a pandemia, o estava vendendo por R$79,90, para retirar no restaurante.
Ótimo texto!
ResponderExcluirEu acho que tive sorte em meus primeiros contatos com essa uva, que sempre me agradou de maneira unânime até uma decepção recente que tive com ela (o Sfera Viognier da brasileira Arbugeri).
Olhando aqui meu backlog, além desse Secreto outros Viognier que gostei muito foram o Rhea da Halewood Wines e o km. 0 da Familia Irurtia.
Obrigado, Edward!
ExcluirO Rhea e, principalmente, o Km.0 Gran Reserva, são outros dois bons exemplos de Viognier. Também já comentei a respeito dos dois aqui no blog (aqui e aqui).