Já faz tempo que comentei (
aqui) como o Chile tem produzido mais e mais novidades, reciclando seu passado vinícola. Há os vinhos fermentados em
tinajas, as vinhas velhas de
Carignan, e os "
pipeños de boutique". A bola da vez é a
Cinsault, que já nos últimos anos, temos tido a oportunidade de ver no mercado brasileiro. Não deve ter o mesmo apelo que um
Vigno, pois se tratam de vinhos mais leves e perfumados, características que agradam a grande parte dos consumidores, mas não rendem notas tão altas em concursos e avaliações.
A Cinsault é originária do sul da França, entre o Languedoc e a Provence, e é amplamente cultivada. É muito usada para vinhos rosés, mas não vemos com tanta frequência nos rótulos, pois é usada com muito mais frequência em cortes, seja em rosés ou tintos. É uma variedade de bagos grandes, casca fina, pouca matérias corante, poucos taninos, produtiva e resistente ao calor e a condições de seca. Por isso, é muito cultivada no Marrocos, no Líbano, e na África do Sul.
Sua história no Chile é muito similar à da Carignan. Por ser muito produtiva, foi uma das variedades mais cultivadas do mundo nas primeiras décadas pós-filoxera (devido ao mar de vinhos do Languedoc). No Chile, foi plantada com subsídios do governo, em substituição à País (a variedade usada nos pipeños), como forma de aumentar o valor dos vinhos produzidos no "sul" (à época, principalmente Maule e Itata). A Carignan foi a preferida no Maule, enquanto a Cinsault foi mais plantada mais no Itata. À época, o replantio não trouxe os resultados esperados, e o que não foi replantado, foi abandonado. E nos últimos anos, essas vinhas que estavam ao abandono têm sido encontradas e recuperadas pelas mãos de enólogos visionários.
A Viña Zaranda é um desses casos. Ela foi criada apenas em 2011 por Juan Ignacio Acuña, Chef e sommelier, para reconverter os vinhedos da família, em Coelemu (zona de Costa), Itata, em uma produção de qualidade. O vinhedo que deu origem a este vinho foi plantado em 1954, com condução em vaso. Mas Juan Ignacio não começou do nada: contou com o incentivo e consultoria de François Massoc, um dos enólogos por trás do Clos des Fous.
O Zaranda Cinsault 2018 é um vinho de cor rubi de intensidade média/baixa, com aroma de intensidade média/alta a frutas vermelhas frescas, com um pouco de folhas secas e leve tostado e especiarias doces. Tem corpo leve, com taninos leves, e acidez em destaque. Um tinto perfeito para se servir um pouco mais fresco que o habitual, quando dá aquela vontade de se tomar um tinto no verão.