- feito com uvas viníferas, ou americanas (em muitos países, só é permitido fazer vinho a partir de uvas viníferas);
- espumante, frisante, ou 'tranquilo', isto é, sem gás;
- seco, semi-seco, semi-doce (suave), doce, sendo que há diferentes formas válidas de se obter o teor residual de açúcar (colheita tardia, uvas congeladas - ice wine, uvas botrytizadas, cozimento do mosto). Os espumantes podem ser extra-brut, brut, seco (sec/dry), semi-seco ou doce.
- branco, tinto, rosado, amarelo (o vin jaune do Jura, na França), laranja (ver Vinhos Laranjas), ou clarete (como, por exemplo, o Tremendus).
- fortificado, isto é, é acrescentado álcool vínico ao vinho durante o processo.
Uvas viníferas versus uvas americanas
Existem diversas espécies de uvas, mas basicamente, comercialmente, classificamos tudo em dois grupos: uvas viníferas e uvas de mesa. As uvas viníferas são de origem européia, e na maior parte do mundo só é permitido produzir vinhos a partir delas.
O Brasil é um dos poucos países a permitir a produção de vinhos com as uvas de mesa (Isabel, Bordô, Niagara, etc.), por uma questão de tradição. Essas uvas normalmente têm componentes aromáticos indesejáveis, que dão o gosto característico, que é descrito como 'gosto de suco de uva'. Além disso, têm pouco açúcar, e por isso, normalmente contém adição de açúcar, tanto para aumentar a quantidade de álcool, quanto para adoçar (os vinhos suaves).
Para distinguir os vinhos de um tipo e de outro, a legislação brasileira utiliza os termos vinho de mesa (isto é, feito de uvas de mesa), e vinho fino (feito de uvas viníferas).
Cor
Oficialmente, os vinhos se classificam em apenas três cores: branco, tinto ou rosado (rosé). Mas a realidade é um pouco mais complexa que isso. A seguir, alguns exemplos de cores que podemos encontrar:
- laranja: são vinhos brancos que passam por maceração com as cascas, e posterior período oxidativo. Como resultado, eles adquirem uma tonalidade entre cobre e âmbar, e já se cunhou o termo orange wines (leia: Vinhos Laranjas).
- âmbar: vários vinhos fortificados são envelhecidos em processos oxidativos que o deixam com uma cor âmbar. Por exemplo, Porto White, e Jerez. Alguns Jerez ficam tão escuros que a cor fica castanha. Por outro lado, vinhos tintos, igualmente oxidados, podem adquirir as mesmas cores, âmbar e castanha, como por exemplo, o Porto Tawny.
- vin jaune: apesar de quase todo vinho branco ser, na realidade, amarelo, existe um vinho que toma para si a designação de vinho amarelo. É produzido na região do Jura, França, que amadurece por mais de 6 anos com uma camada de leveduras, e adquire uma cor mais intensa.
- clairet (clarete): Bordeaux, na França, possui uma DOC para designar vinhos tintos que são tão claros, que são rosés. Em termos de intensidade de cor, estão entre um rosé e um tinto, mas oficialmente são rosés. Em Portugal, o mesmo tipo é chamado de palhete.
- clarete da Rioja: se no restante da Europa, um clarete se refere a um 'quase-tinto', na Rioja, se refere um estilo de vinho tradicional 'quase-branco', feito de uvas brancas e tintas. Freqüentemente têm uma tonalidade alaranjada.
Observação: Vinho Verde não se refere à cor. Ele é uma denominação de origem. Veja: Dos Vinhos Verdes.
Presença de gás
Oficialmente existem os espumantes, os frisantes, e os vinhos sem gás (chamados de vinhos tranquilos).
- espumante: um vinho que possui quantidade de gás de pelo menos 5 atmosferas de pressão. Além disso, o gás deve ser produzido de forma natural, por fermentação (veja mais detalhes: Da vinificação: Espumantes).
- frisante: vinho que possui pressão menor que o espumante, em geral, 3 atmosferas. Os Lambruscos são os frisantes mais conhecidos.
Métodos de produção
Existem basicamente 3 diferentes processos para obtenção de gás:- método tradicional: o vinho passa por uma segunda fermentação em garrafa, e esta segunda fermentação gera o gás do espumante. É o único método permitido em Champagnes, e Cavas, por exemplo;
- método Charmat: a segunda fermentação é feita em tanques pressurizados. Esta forma é a mais tradicional dos Proseccos;
- método Asti: neste método, tanto o álcool quanto o gás são obtidos em uma única fermentação. O método tem o nome da região, famosa por produzir o Moscato d'Asti.
Para mais detalhes, leia: Dos Champagnes e espumantes.
Açúcar residual
Quanto ao teor de açúcar, vinhos tranquilos podem ser classificados como: seco, semi-seco, semi-doce (no Brasil, suave), doce. Espumantes, por sua vez, podem ser brut nature, extra-brut, brut, seco (sec/dry), semi-seco ou doce.
Em geral, não é permitido adicionar açúcar ao vinho, para deixá-lo doce. O açúcar deve ser residual, ou seja, estava na uva, e não foi fermentado. Existem duas exceções, a primeira são os espumantes, em que o açúcar pode ser adicionado ao final, em uma solução chamada licor de dosagem, para se definir o nível de doçura do mesmo. A segunda exceção se trata de vinhos de qualidade duvidosa produzidos em países com legislações muito permissivas.
Nos vinhos tranqüilos e de sobremesa, o açúcar presente se trata de açúcar residual, isto é, proveniente da uva, que não foi fermentado. Para isso, existem diversas técnicas. Em alguns casos, é possível concentrar tanto açúcar nas uvas, que as leveduras irão morrer sem conseguir fermentar tudo (as leveduras que produzem álcool também morrem quando a concentração de álcool atinge um limite). Se a quantidade de açúcar da uva não for tão grande, também é possível interromper a fermentação, com fortificação.
Formas de se concentrar o açúcar das uvas:
- colheita tardia (comumente designada late harvest): a colheita só ocorre após as uvas passarem da colheita, e se passificarem no pé;
- botritização (podridão nobre): consiste na ação de um fungo específico (botrytis cinerea) que causa o ressecamento da uva, perdendo água e mantendo o açúcar, sem causar aromas desagradáveis ou amargor (por exemplo, o Tokaji);
- passificação: as uvas são colhidas, e deixadas secando, às vezes ao sol, às vezes à sombra apenas pelo vento quente. (PX, Marsala, Vinsanto)
- eiswein (ou icewine): as uvas devem congelar no pé (-8ºC ou menos), serem colhidas, transportadas e prensadas ainda congeladas. Com isso, boa parte da água (em forma de gelo) fica retida na prensa, e o restante do mosto fica muito mais concentrado;
- cozimento do mosto: um método pouco usual consiste em cozinhar o mosto, em temperatura controlada, para reduzir a concentração de água. Esta forma é encontrada no tradicional vinho de sobremesa da Provence, o Vin Cuit.
Fortificação
O processo mais clássico de interrupção da fermentação é a fortificação. Adiciona-se álcool (normalmente aguardente vínica) até um nível que mata as leveduras. Vinhos do Porto, Madeira, Moscatéis e os Vin Doux Naturels são fortificados para se interromper a fermentação, e conservar o açúcar residual.
Porém, também é possível obter vinhos secos e fortificados. Para isso, eles são fortificados após o final da fermentação, quando praticamente todo o açúcar residual foi consumido. O exemplo mais conhecido são os Jerez (como o Fino, Oloroso ou Amontillado).
Os diversos tipos de vinho
Fazendo todas as possíveis combinações dessas características, temos diversos tipos de vinho:
- espumante branco brut, método tradicional (como o Champagne Piper Heidsick);
- espumante rosado brut (como o Cava Anna de Codorníu Rosé ou o português Terras do Demo Rosé);
- espumante branco brut método Charmat: (como o Prosecco Particella 68);
- espumante rosado semi-seco (por exemplo o Chandon Passion);
- espumante tinto brut, extra-brut, seco, semi-seco, etc. Espumante tinto é raro, mas existe. Veja, por exemplo, este produzido pela Parigot;
- frisante tinto seco, semi-seco, etc. (Lambruscos);
- vinho fortificado tinto doce, como Porto Ruby e Tawny;
- vinho fortificado branco doce, como o Porto branco;
- vinho fortificado branco seco, como os Jerez Fino e Manzanilla;
- vinho branco doce botritizado (Tokaji);
- e diversas outras combinações.
muito boa as explicaçoes sobre vinhos.
ResponderExcluirMuito obrigado, Fátima. Fico feliz que tenha gostado.
ExcluirAdorei.foi bastante objetivo.
ResponderExcluirJá posso escolher os vinhos de maneira correta
Parabéns
Adorei as explicações sobre vinhos , gostaria de saber qual curso ou faculdade posso fazer para me tornar uma degustadora de vinho ? .
ResponderExcluirObrigado ! Grata ..
Olá Adrianna, para ser apenas uma degustadora, não precisa de faculdade. Cursos de curta duração são mais do que suficientes. E depende da oferta na sua cidade. Em São Paulo, por exemplo, há cursos oferecidos pela ABS, pela SBAV, ou Enocultura. O Senac também oferece cursos em diversas de suas unidades (clique aqui para ver).
ExcluirEm algumas cidades, lojas especializadas também podem oferecer cursos. É o caso, por exemplo da Casa Rio Verde, em Belo Horizonte.
Abraço!
Você já comentou o vinho Santa Alícia - Gran Reserva de Los Andes - Cabernet Sauvignon - Safra 2014 ? Muito obrigado !
ResponderExcluirLamento, mas não tomei deste vinho ainda.
ExcluirDigite seu comentário... Eu gosto mto de vinho.mas estou comecando agora aprender sobre vinhos.o meu objetivo e ser garcon.p isso pretendo estudar bastante sobre vinhos e fazer curso de ingles.parabens pelas explicacoes.
ResponderExcluirObrigado, André. Sucesso nos estudos!
ExcluirBoa noite, preciso de uma ajuda:
ResponderExcluirPoderia me indicar vinhos que possuam as seguintes carácteristicas:
✓ não adocicado;
✓ não fortificado;
E sem especiarias ou aditivos, como cereja, morango e etc...
Olá,
Excluir99% dos vinhos são não adocicados, nem fortificados.
Basta verificar no rótulo ou contra-rótulo a expressão
"Vinho fino tinto/branco/rosé seco".
Quanto a especiarias ou substâncias aromáticas, isto é proibido no vinho. Portanto, a menos que seja uma fraude, os vinhos não tê esses aromas adicionados. Para entender de onde vêm os aromas encontrados nos vinhos, recomendo a leitura do meu texto Dos aromas: http://www.sobrevinhoseafins.com.br/p/dos-aromas.html.